segunda-feira, 5 de setembro de 2011

UMA ORIGEM CHEIA DE TEIAS!

A maioria das pessoas sabe mais ou menos a história sobre a criação do Homem-Aranha, um dos personagens mais famosos da Marvel. Imaginado pelo lendário Editor e roteirista Stan Lee, o homem que cocriou a maioria dos personagens-ícones da editora teve uma ideia sobre um adolescente cheio de problemas que, de repente, adquire fantásticas habilidades ao ser picado por uma aranha radiativa e acaba se tornando um combatente do crime após aprender uma dura lição sobre grandes poderes e responsabilidades. Ele passou essa ideia para Jack Kirby, o seu então parceiro de tantos sucessos, como o Quarteto Fantástico e Hulk, mas o resultado não foi o esperado. Embora Kirby tenha criado o visual do uniforme do personagem, seu traço era heróico demais para o que Lee pretendia fazer com sua nova criação. Então, a segunda opção foi Steve Ditko, que havia desenhado inúmeras aventuras de ficção científica para a revista Amazing Adult Fantasy. O traço mais esguio e realista de Ditko serviu como uma luva para o projeto e a nova dupla foi formada para que viesse ao mundo um dos super-heróis mais queridos pelos leitores no mundo todo com a publicação de Amazing Fantasy # 15 em Agosto de 1962.


Esse foi um resumo de como a ideia de Stan Lee ganhou vida, mas existem outras histórias meio nebulosas por trás dessa versão. De fato, a verdade em si é algo um tanto duvidoso... O que conhecemos por “verdade” nada mais é do que a versão aceita pela maioria ou pelo “vencedor”.

No entanto, segundo declarações de Joe Simon (o quadrinista e cocriador do Capitão América e de dezenas de outros personagens de quadrinhos da Era de Ouro) em seu fantástico livro The Comic Book Makers, a história é um “pouquinho” diferente e começou no final de 1953. Ele acreditava que o gênero de super-heróis poderia voltar a cair no gosto dos leitores após o declínio que veio com o término da Segunda Guerra. Alguns anos antes, Simon e Kirby, o seu parceiro de tantos trabalhos, fizeram bastante sucesso com a criação dos chamados quadrinhos de romance com a revista Young Romance, mas o mercado editorial parecia morno demais depois da avalanche de lançamentos no início da década de 1940. Simon havia recebido uma ligação de C.C. Beck (desenhista e cocriador do Capitão Marvel), que queria voltar a desenhar e ficou animado com a possiblidade de criar uma nova linha de personagens do gênero. Após colocar no papel diversas ideias que lhe vieram à cabeça, ele pegou a que lhe pareceu mais promissora e desenhou o logotipo: SPIDERMAN. Talvez inconscientemente influenciado pela criação de Beck, Simon imaginou um garoto órfão que, ao ser levado sob a custódia de um estranho casal de velhos, fica fascinado por uma aranha tecendo sua teia no sótão da casa. Então, o jovem se aproxima da teia e encontra um incomum anel brilhante preso a ela. Ao abrir o que parecia ser uma tampa na joia, um gênio aparece e lhe concede um desejo. O garoto não pensa duas vezes: ele quer ser um super-herói! Antes de entregar o primeiro roteiro para Beck, Simon decide trocar o nome “Spiderman” para “Silver Spider”.

Depois de um tempo, o veterano desenhista devolveu as primeiras páginas desenhadas só à lápis, um letrista providenciou o texto final e as páginas foram levadas até a Harvey Comics, mas seus editores não gostaram da ideia e o projeto ficou engavetado. Em 1954, por causa dos efeitos devastadores da censura alimentada pelo livro A Sedução do Inocente, do psiquiatra Fredric Wertham, os quadrinhos sofreram um baque terrível com a implantação do Comics Code Authority e Simon e todos os quadrinistas da época passaram maus bocados.


No começo de 1959, enquanto produzia histórias para a revista de humor chamada Sick, publicada pela Archie Comics, Joe Simon foi procurado por John Goldwater, o Editor-Chefe, que encomendou a criação de novos super-heróis, pois ele acreditava que esse gênero de quadrinhos voltaria a ser sucesso outra vez. Só para você se situar historicamente, isso ocorreu no início da Era de Prata, marcada pelo ressurgimento dos super-heróis com o novo Flash (Barry Allen) na revista Showcase # 4 (da DC Comics) em Outubro de 1956. Simon apresentou a ideia do Silver Spider e uma outra sobre uma espécie de revival do Shield (um clássico personagem da Era de Ouro da editora) a Goldwater, que aprovou as duas. Era a hora de arregaçar as mangas e produzir os novos materiais!

Simon entregou as velhas páginas desenhadas por C.C. Beck para seu parceiro Jack Kirby e pediu que ele as redesenhasse no seu próprio estilo, mantendo tudo igual, exceto o personagem principal, que não seria mais um herói baseado numa aranha mas numa mosca. A nova criação seria “The Fly”. Kirby reclamou um pouco por causa das mudanças, mas providenciou o novo visual do personagem, alterando inclusive a pistola que disparava teia por uma pistola que lançava dardos paralisantes. Um pequeno detalhe: na pasta onde foram enviadas as páginas originais do Silver Spider também estava o antigo logotipo “Spiderman”.

Veja abaixo exemplo de uma página desenhada por C.C. Beck e a versão atualizada feita por Jack Kirby:



A primeira aparição de The Fly aconteceu em The Double Life of Private Strong, em junho de 1959, mas sua revista própria Adventures of The Fly só seria lançada em agosto daquele ano. Infelizmente, por causa de uma série de intervenções editoriais e de uma melhor estratégia de vendas, o super-herói não emplacou e Simon, desanimado com o “fracasso”, abandonou o personagem após quatro edições. A série continuou, mas tornou-se apenas mais uma publicação medíocre no meio de tantas outras. De zumbido em zumbido, The Fly encerrou sua carreira em 1967, sem que ninguém sentisse sua falta.


Mas onde fica o Homem-Aranha nessa história toda?!


Bem... É agora que as coisas começam a ficar um pouco complicadas... No final dos anos 1950, Jack Kirby estava trabalhando para a Marvel, que era comandada por Martin Goodman. Naquela época, a Marvel publicava apenas histórias de monstros, algumas aventuras e faroeste, e as coisas não iam nada bem... Em 1961, numa partida de golfe entre Goodman e Jack Liebowitz (da DC Comics), este último deixou escapar a informação de que um de seus títulos recém-lançados, Justice League of America, era um enorme sucesso de vendas. Empolgado, Goodman ordenou a Stan Lee (primo da sua esposa, além de Editor e principal roteirista) que criasse uma equipe de super-heróis para competir com a Liga da Justiça, da DC, pois parecia que supergrupos eram a bola da vez. Lee conversou com Kirby e surgiu o Quarteto Fantástico em novembro de 1961.O sucesso foi enorme e a Marvel viu que super-heróis eram um bom negócio novamente. Então, a ordem de Goodman foi para que criassem mais super-heróis. Ali começava a Era Marvel!

Em Maio de 1962 surgia o Hulk, que agradou bastante os leitores. Mas Stan Lee queria algo diferente, algo novo. Foi então que Jack Kirby se lembrou do antigo e quase esquecido logotipo “Spiderman” feito por Joe Simon em 1953. Ele contou rapidamente sobre a história do herói adolescente e dos seus poderes baseados numa aranha, mas comentou que Simon acabou abandonando a ideia e partido para outros projetos. Lee adorou a ideia! O nome do seu novo herói “Spider-Man” não agradou Martin Goodman, mas este deixou que fizessem um teste com o personagem no último número de uma revista. Se ele fizesse sucesso, poderiam trazê-lo de volta num título próprio. Stan Lee pediu a Kirby que fizesse uma nova história baseada naquela que ele havia desenhado originalmente, fazendo algumas observações e alterações. No entanto, quando viu a nova versão, Lee não gostou do resultado final e passou o material para Steve Ditko, que ignorou o que Kirby havia feito e trocou, inclusive, a pistola de teias pelo lançador de teias que conhecemos hoje. Era exatamente o que Stan Lee queria. Ironicamente, ele não gostou da capa feita pelo novo desenhista e decidiu usar a versão desenhada por Kirby, mas com a arte-final de Ditko para não destoar da arte interna da história.

Abaixo, a capa original de Steve Ditko, rejeitada por Stan Lee, e a versão aprovada desenhada por Jack Kirby.


O Homem-Aranha tornou-se um dos personagens mais rentáveis da Marvel e Stan Lee declarou em incontáveis entrevistas que ele era uma das suas criações pelas quais sentia mais orgulho. Anos depois, quando Jack Kirby deixou a Marvel e deu início à uma amarga briga por direitos autorais sobre os personagens que ele criou em parceria com Stan Lee, ele chegou a dizer que era o criador do Homem-Aranha e do seu uniforme. Steve Ditko, sabiamente, preferiu não comentar a respeito e se afastou de tudo isso. Joe Simon revelou esses fatos recentemente, mas não demonstrou mágoa e nem ressentimentos por ninguém envolvido nessa história toda.


O que posso dizer? Eu sou um grande fã de Jack Kirby e, da mesma forma, admiro o trabalho de Stan Lee como escritor e criador. Considero a fase do Homem-Aranha desenhada por Steve Ditko uma das melhores coisas já feitas nos quadrinhos. Já se passaram tantos anos desde que tudo isso aconteceu que, talvez, jamais saibamos qual é a “verdade verdadeira”. Ainda assim, não consigo deixar de pensar com certa tristeza que os personagens que marcaram tanto as nossas infâncias também foram resultado de atitudes nem um pouco louváveis e que não refletem em nada o que suas criações inspiraram em seus leitores.


Às vezes, seria melhor que apenas lêssemos quadrinhos como quando éramos crianças e só queríamos nos divertir. Mas, agora que somos adultos, isso não é mais possível. Infelizmente.

– Leandro Luigi Del Manto

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O PRIMEIRO SUPER-HERÓI DOS QUADRINHOS?

 HUGO HÉRCULES

(Hugo Hercules)

Mídia: Jornais
Primeira aparição: 7 de setembro de 1902 a 11 de janeiro de 1903
Criador: William H.D. Koerner
País de origem: EUA

Pouca gente sabe, mas o primeiro super-herói dos quadrinhos não foi o Superman, publicado em 1938. Recentemente, começou a ser divulgado um verdadeiro achado na História das HQs: na verdade, o primeiro super-herói de fato a ser publicado em quadrinhos foi um personagem obscuro chamado Hugo Hércules. Criado pelo ilustrador William H.D. Koerner, Hugo Hércules foi publicado pela primeira vez no suplemento dominical do jornal The Chicago Tribune no dia 7 de setembro de 1902 e um sujeito dotado de força incrível capaz de fazer grandes feitos, mas que, invariavelmente, acabava salvando mocinhas indefesas de perigos do cotidiano. Homem de ação, Hugo era um herói de poucas palavras. Assim que realizava um salvamento, ele dizia apenas “Just as easy!” (algo como “Fácil assim!”). As pessoas ao seu redor ficavam espantadas com sua superforça e, é claro, ele acabava fazendo muito sucesso entre o público feminino...


Sem que nenhuma origem tivesse sido imaginada ou publicada nas suas apenas dezessete aparições dominicais, Hugo Hércules simplesmente fazia o bem usando sua força super-humana, como erguer um elefante sobre a cabeça, segurar um bonde em movimento, deter um cavalo em disparada, resgatar pessoas de um incêndio e até mesmo enfrentar um urso enquanto caçava, entre outras façanhas. Grandalhão, ele vestia roupas normais, mas quase sempre usava um chapéu texano. Curiosamente, ele se assemelhava muito ao Clark Kent (o disfarce de homem normal do Superman), mas é bastante improvável que Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Homem de Aço, tenham se inspirado em Hugo, uma vez que ambos nasceram em 1914 e as tiras desse obscuro personagem duraram pouquíssimo tempo por não serem nem um pouco populares. Desiludido com a falta de sucesso de seu herói, William Koerner decidiu abandonar os quadrinhos e se dedicar à pintura, tornando-se um respeitado pintor, além de célebre ilustrador de faroeste para a revista semanal Saturday Evening Post, que publicou as duas séries famosas “Traveling the Old Trails” e “The Covered Wagon”.

Ainda assim, Hugo Hércules ressurge hoje com um apelo quase arqueológico nos quadrinhos como o primeiro super-herói dos quadrinhos e o primeiro a fracassar... Mas o “fiasco” dele é até fácil de se explicar, pois, na virada do século, o mundo inteiro nutria uma enorme sensação de otimismo, ao contrário do período de depressão da década de 1930, quando o Superman foi criado... Quando tudo está bem, quem precisa de um super-herói, certo?



sexta-feira, 29 de julho de 2011

LEVADOS DA BRECA!

OS SOBRINHOS DO CAPITÃO
(The Katzenjammer Kids)
Mídia: Jornais
Primeira aparição: 12 de dezembro de 1897
Criador: Rudolph Dirks
País de origem: EUA

Considerada por muitos críticos mundiais como a verdadeira primeira história em quadrinhos publicada, Os Sobrinhos do Capitão (The Katzenjammer Kids), de Rudolph Dirks, é a série mais antiga ainda em publicação. Foi lançada em 12 de dezembro de 1897, nos Estados Unidos, nas páginas do The American Humorist, um suplemento dominical do New York Journal, do magnata editorial William Randolph Hearst. Na verdade, foi por sugestão do editor do jornal, Rudolph Block, que Dirks adaptou o extremamente bem-sucedido livro infantil Max und Moritz (traduzidos no Brasil em 1915 como Juca e Chico por Olavo Bilac), escrito e ilustrado por Wilhelm Busch em 1865. “Katzenjammer” significa, literalmente, “o miado do gato”, mas também era usada na Alemanha e nos Estados Unidos como uma gíria para
A série teve uma breve interrupção quando o autor partiu para lutar na Guerra Hispano-Americana (que ocorreu de Abril a Agosto de 1898). Pioneira no uso de balões e na inclusão de onomatopéias, a série Os Sobrinhos do Capitão mostrava as aventuras dos endiabrados irmãos Hans e Fritz na comunidade alemã de uma ilha tropical. A mãe deles, chamada de Mama Chucrutz, fazia vista grossa para não ver as travessuras dos dois “anjinhos”, era a principal vítima das travessuras dos dois, mas logo surgiram o beberrão Capitão (um náufrago que passou a morar na pensão da Mama) e o Coronel, um inspetor escolar e amigo do Capitão.

Em 1912, Dirks decidiu viajar pelo mundo e se dedicar à pintura, mas, dessa vez, a cúpula do New York Journal não foi tão compreensiva. Como a série tornara-se um enorme sucesso, ficou decidido que Harold H. Knerr (até então famoso pela tira Der Fineheimer Twins, uma das muitas imitações de Os Sobrinhos do Capitão) assumisse a produção da série na ausência de seu criador. O que aconteceu é que, ao retornar de viagem, Dirks descobriu que havia literalmente perdido o lugar. Enfurecido, ele recorreu à justiça americana e o resultado foi uma verdadeira bizarrice: o juíz decidiu que Hearst poderia continuar a publicar a tira com seu nome original, e Dirks teria o direito de usar os mesmos personagens numa tira com outro título.

Assim, em Junho de 1914, surgiu a “nova” série de Rudolph Dirks nas páginas do New York World, de Joseph Pulitzer o maior rival de Hearst. No início, ela não tinha um título e trazia apenas no topo os dizeres “do mesmo criador de Katzenjammer Kids”. Em 1915, ela chegou a ser chamada brevemente de Hans und Fritz, mas como a imagem da Alemanha não era das melhores na época (por causa da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918), o nome foi trocado para The Captain and the Kids. Enquanto isso, no mesmo período, Katzenjammer Kids chegou a ser rebatizada de The Shenanigan Kids (algo como “garotos travessos”) e a nacionalidade deles também foi mudada de alemã para holandesa... Depois, em 1920, tudo voltou a ser como antes.

Durante muito tempo, as duas séries disputaram a atenção dos leitores em mirabolantes aventuras ao redor do mundo e nas mais diversas situações, dando um show de humor e travessuras. Os dois autores tentavam se superar semanalmante e atingiram níveis criativos jamais vistos na história dos quadrinhos. Essa disputa foi diminuindo com o passar do tempo, até que cada série tomou seu próprio rumo. The Captain and the Kids chegou a ser produzida por Oscar Hitt (de 1922 a 1932), que contava com a supervisão de Dirks, e totalmente por  Bernard Dibble (de 1932 a 1937), mas sua grande parte contou com o talento de seu criador original até 1946, quando seu filho John Dirks passou a auxiliá-lo cada vez mais. Em 1968, com a morte de seu pai, John assumiu a tira até seu cancelamento, em Maio de 1979.

A sequência de Harold Knerr é considerada tão boa quanto a fase mais criativa de Dirks, sendo publicamente muito admirada pelo pintor espanhol Pablo Picasso. Em 1949, com a morte de Knerr, a série passou por altos e baixos nas mãos de diversos quadrinhistas, como Doc Winner (de 1949 a 1956), Joe Musial (de 1956 a 1977), Joe Senich (de 1977 a 1981), Angelo De Cesare (1981 a 1986) e, finalmente, Hy Eisman, que continua escrevendo e desenhando a as aventuras dos irmãos peraltas até hoje (além da página dominical de Popeye, que ele assumiu a partir de 1994).

The Captain and the Kids também chegou a ser publicada na forma de revista em quadrinhos na Sparkler Comics (de 1941 a 1955), onde apareceu ao lado de outros personagens, e em título próprio (de 1947 a 1955), originalmente pela própria United Feature e, mais tarde, pela Dell Comics. Além disso, ganharam uma série de desenhos animados em sépia produzidos pela MGM em 1938 e 1939, numa série complementar dos desenhos animados para a TV de Archie em 1971. The Katzenjammer Kids foi transformada numa peça de teatro em 1903, ganhou algumas adaptações para o cinema mudo em 1898 e 17 episódios de desenhos animados mudos em 1917 e 1918. Além disso, foi publicada nas páginas finais da King Comics nos anos 30 e 40 e em revista própria pelas Standard Comics e Harvey Comics nos anos 40 e 50. Ambas as séries também foram editadas na forma dos Big Little Books (livrinhos quadrados que publicavam praticamente um quadrinho por página e eram impressos com as sobras de papel de outras publicações) nos anos 30.

No Brasil, a série Os Sobrinhos do Capitão foi publicada tanto como tiras de jornal, como em revistas em quadrinhos. A última aparição deles aqui se deu numa belíssima edição de luxo chamada Os Sobrinhos do Capitão: Piores impossível, publicada pela Opera Graphica Editora. Curiosamente, os endiabrados personagens serviram de inspiração para o quadrinista brasileiro Angeli criar Os Skrotinhos.

De qualquer maneira, apesar de terem conquistado a façanha heróica de serem os personagens mais antigos ainda em publicação, os dois pestinhas Hans & Fritz jamais passaram a imagem samaritana de heróis mirins, mas, certamente, podem ser considerados os primeiros anti-heróis dos quadrinhos!

– Leandro Luigi Del Manto

quinta-feira, 28 de julho de 2011

GRAFFITI: UM CONTO URBANO

Olá!

Esta é a primeira postagem no QUADRINHOPÉDIA, que será um blog sobre quadrinhos e assuntos relacionados a eles. Para dar o pontapé inicial, vou falar um pouco sobre GRAFFITI: UM CONTO URBANO, um quadrinho escrito por mim, desenhado pelos talentosos Benson Chin e Breno Ferreira e colorizado pelo igualmente talentoso Thiago Augusto. O projeto foi realizado com o apoio do Governo de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) de 2010.

Como foi a primeira vez que inscrevi um projeto desse tipo, imaginei que seria legal se o mesmo tivesse algum apelo social. Assim, a história toda gira em torno de um graffiti que está sendo pintado num muro localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. Aos poucos, alguns personagens do bairro vão sendo apresentados e a trama começa a tomar forma. O enfoque é sobre a violência urbana, o envolvimento com drogas, a vida dos moradores de rua e a perda do respeito pelo ser humano. A arte pintada no muro vai dando cor ao cenário sujo e cinzento e será fundamental no desfecho da história.

Eu demorei bastante para escrever o roteiro, que preferi fazer em forma de prosa e sem definir quadros ou páginas para deixar os desenhistas mais à vontade durante a criação. Embora eu tenha escrito outros roteiros de forma amadora, este foi o primeiro "oficial". E foi um trabalho desgastante. Eu sou Editor de Quadrinhos, e esta função consome um tempo enorme da minha vida. Não pense que meu trabalho é só ficar lendo revistas o dia inteiro (já ouvi esse comentário milhares de vezes!). Às vezes, é uma função muito penosa e cansativa... Por causa disso, eu simplesmente não conseguia encontrar um tempo de sobra para me dedicar ao roteiro. Assim, peço desculpas publicamente ao pessoal de arte de GRAFFITI pelo meu atraso na entrega do roteiro. Mas a história "saiu" e acredito que esteja bem "amarrada".

Seja como for o livro deverá estar impresso em breve e espero que você aprecie o nosso trabalho. A história é simples, mas foi escrita com sentimento e desenhada com paixão.

Abaixo, vão algumas das primeiras páginas de GRAFFITI: UM CONTO URBANO. Até mais!