sexta-feira, 29 de julho de 2011

LEVADOS DA BRECA!

OS SOBRINHOS DO CAPITÃO
(The Katzenjammer Kids)
Mídia: Jornais
Primeira aparição: 12 de dezembro de 1897
Criador: Rudolph Dirks
País de origem: EUA

Considerada por muitos críticos mundiais como a verdadeira primeira história em quadrinhos publicada, Os Sobrinhos do Capitão (The Katzenjammer Kids), de Rudolph Dirks, é a série mais antiga ainda em publicação. Foi lançada em 12 de dezembro de 1897, nos Estados Unidos, nas páginas do The American Humorist, um suplemento dominical do New York Journal, do magnata editorial William Randolph Hearst. Na verdade, foi por sugestão do editor do jornal, Rudolph Block, que Dirks adaptou o extremamente bem-sucedido livro infantil Max und Moritz (traduzidos no Brasil em 1915 como Juca e Chico por Olavo Bilac), escrito e ilustrado por Wilhelm Busch em 1865. “Katzenjammer” significa, literalmente, “o miado do gato”, mas também era usada na Alemanha e nos Estados Unidos como uma gíria para
A série teve uma breve interrupção quando o autor partiu para lutar na Guerra Hispano-Americana (que ocorreu de Abril a Agosto de 1898). Pioneira no uso de balões e na inclusão de onomatopéias, a série Os Sobrinhos do Capitão mostrava as aventuras dos endiabrados irmãos Hans e Fritz na comunidade alemã de uma ilha tropical. A mãe deles, chamada de Mama Chucrutz, fazia vista grossa para não ver as travessuras dos dois “anjinhos”, era a principal vítima das travessuras dos dois, mas logo surgiram o beberrão Capitão (um náufrago que passou a morar na pensão da Mama) e o Coronel, um inspetor escolar e amigo do Capitão.

Em 1912, Dirks decidiu viajar pelo mundo e se dedicar à pintura, mas, dessa vez, a cúpula do New York Journal não foi tão compreensiva. Como a série tornara-se um enorme sucesso, ficou decidido que Harold H. Knerr (até então famoso pela tira Der Fineheimer Twins, uma das muitas imitações de Os Sobrinhos do Capitão) assumisse a produção da série na ausência de seu criador. O que aconteceu é que, ao retornar de viagem, Dirks descobriu que havia literalmente perdido o lugar. Enfurecido, ele recorreu à justiça americana e o resultado foi uma verdadeira bizarrice: o juíz decidiu que Hearst poderia continuar a publicar a tira com seu nome original, e Dirks teria o direito de usar os mesmos personagens numa tira com outro título.

Assim, em Junho de 1914, surgiu a “nova” série de Rudolph Dirks nas páginas do New York World, de Joseph Pulitzer o maior rival de Hearst. No início, ela não tinha um título e trazia apenas no topo os dizeres “do mesmo criador de Katzenjammer Kids”. Em 1915, ela chegou a ser chamada brevemente de Hans und Fritz, mas como a imagem da Alemanha não era das melhores na época (por causa da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918), o nome foi trocado para The Captain and the Kids. Enquanto isso, no mesmo período, Katzenjammer Kids chegou a ser rebatizada de The Shenanigan Kids (algo como “garotos travessos”) e a nacionalidade deles também foi mudada de alemã para holandesa... Depois, em 1920, tudo voltou a ser como antes.

Durante muito tempo, as duas séries disputaram a atenção dos leitores em mirabolantes aventuras ao redor do mundo e nas mais diversas situações, dando um show de humor e travessuras. Os dois autores tentavam se superar semanalmante e atingiram níveis criativos jamais vistos na história dos quadrinhos. Essa disputa foi diminuindo com o passar do tempo, até que cada série tomou seu próprio rumo. The Captain and the Kids chegou a ser produzida por Oscar Hitt (de 1922 a 1932), que contava com a supervisão de Dirks, e totalmente por  Bernard Dibble (de 1932 a 1937), mas sua grande parte contou com o talento de seu criador original até 1946, quando seu filho John Dirks passou a auxiliá-lo cada vez mais. Em 1968, com a morte de seu pai, John assumiu a tira até seu cancelamento, em Maio de 1979.

A sequência de Harold Knerr é considerada tão boa quanto a fase mais criativa de Dirks, sendo publicamente muito admirada pelo pintor espanhol Pablo Picasso. Em 1949, com a morte de Knerr, a série passou por altos e baixos nas mãos de diversos quadrinhistas, como Doc Winner (de 1949 a 1956), Joe Musial (de 1956 a 1977), Joe Senich (de 1977 a 1981), Angelo De Cesare (1981 a 1986) e, finalmente, Hy Eisman, que continua escrevendo e desenhando a as aventuras dos irmãos peraltas até hoje (além da página dominical de Popeye, que ele assumiu a partir de 1994).

The Captain and the Kids também chegou a ser publicada na forma de revista em quadrinhos na Sparkler Comics (de 1941 a 1955), onde apareceu ao lado de outros personagens, e em título próprio (de 1947 a 1955), originalmente pela própria United Feature e, mais tarde, pela Dell Comics. Além disso, ganharam uma série de desenhos animados em sépia produzidos pela MGM em 1938 e 1939, numa série complementar dos desenhos animados para a TV de Archie em 1971. The Katzenjammer Kids foi transformada numa peça de teatro em 1903, ganhou algumas adaptações para o cinema mudo em 1898 e 17 episódios de desenhos animados mudos em 1917 e 1918. Além disso, foi publicada nas páginas finais da King Comics nos anos 30 e 40 e em revista própria pelas Standard Comics e Harvey Comics nos anos 40 e 50. Ambas as séries também foram editadas na forma dos Big Little Books (livrinhos quadrados que publicavam praticamente um quadrinho por página e eram impressos com as sobras de papel de outras publicações) nos anos 30.

No Brasil, a série Os Sobrinhos do Capitão foi publicada tanto como tiras de jornal, como em revistas em quadrinhos. A última aparição deles aqui se deu numa belíssima edição de luxo chamada Os Sobrinhos do Capitão: Piores impossível, publicada pela Opera Graphica Editora. Curiosamente, os endiabrados personagens serviram de inspiração para o quadrinista brasileiro Angeli criar Os Skrotinhos.

De qualquer maneira, apesar de terem conquistado a façanha heróica de serem os personagens mais antigos ainda em publicação, os dois pestinhas Hans & Fritz jamais passaram a imagem samaritana de heróis mirins, mas, certamente, podem ser considerados os primeiros anti-heróis dos quadrinhos!

– Leandro Luigi Del Manto

quinta-feira, 28 de julho de 2011

GRAFFITI: UM CONTO URBANO

Olá!

Esta é a primeira postagem no QUADRINHOPÉDIA, que será um blog sobre quadrinhos e assuntos relacionados a eles. Para dar o pontapé inicial, vou falar um pouco sobre GRAFFITI: UM CONTO URBANO, um quadrinho escrito por mim, desenhado pelos talentosos Benson Chin e Breno Ferreira e colorizado pelo igualmente talentoso Thiago Augusto. O projeto foi realizado com o apoio do Governo de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) de 2010.

Como foi a primeira vez que inscrevi um projeto desse tipo, imaginei que seria legal se o mesmo tivesse algum apelo social. Assim, a história toda gira em torno de um graffiti que está sendo pintado num muro localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. Aos poucos, alguns personagens do bairro vão sendo apresentados e a trama começa a tomar forma. O enfoque é sobre a violência urbana, o envolvimento com drogas, a vida dos moradores de rua e a perda do respeito pelo ser humano. A arte pintada no muro vai dando cor ao cenário sujo e cinzento e será fundamental no desfecho da história.

Eu demorei bastante para escrever o roteiro, que preferi fazer em forma de prosa e sem definir quadros ou páginas para deixar os desenhistas mais à vontade durante a criação. Embora eu tenha escrito outros roteiros de forma amadora, este foi o primeiro "oficial". E foi um trabalho desgastante. Eu sou Editor de Quadrinhos, e esta função consome um tempo enorme da minha vida. Não pense que meu trabalho é só ficar lendo revistas o dia inteiro (já ouvi esse comentário milhares de vezes!). Às vezes, é uma função muito penosa e cansativa... Por causa disso, eu simplesmente não conseguia encontrar um tempo de sobra para me dedicar ao roteiro. Assim, peço desculpas publicamente ao pessoal de arte de GRAFFITI pelo meu atraso na entrega do roteiro. Mas a história "saiu" e acredito que esteja bem "amarrada".

Seja como for o livro deverá estar impresso em breve e espero que você aprecie o nosso trabalho. A história é simples, mas foi escrita com sentimento e desenhada com paixão.

Abaixo, vão algumas das primeiras páginas de GRAFFITI: UM CONTO URBANO. Até mais!